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Exposição fotográfica em Navegantes conecta Brasil e Portugal por meio da pesca artesanal

Após um mês em exposição na Galeria de Arte Elson Renato dos Santos, no Centro Integrado de Cultura (CIC) de Navegantes, a mostra “Raízes”, do fotógrafo catarinense Rafael Saldanha, terá continuidade na Galeria de Arte do Paço Municipal, onde ficará em exibição até o dia 15 de maio. A visitação é gratuita.

Realizada pela Fundação Cultural de Navegantes, a exposição estabelece uma ponte sensível e poética entre Brasil e Portugal por meio do registro da pesca artesanal — tradição ancestral que ainda resiste às transformações impostas pelo tempo e pela modernização da costa atlântica.

“Raízes” reúne uma seleção de fotografias captadas ao longo de mais de dez anos em comunidades pesqueiras de Penha (SC) e da região de Ericeira, em Portugal. Os registros revelam o cotidiano de homens e mulheres que vivem do mar: barcos tradicionais, redes lançadas com precisão, mãos calejadas e olhares profundos, marcados pelas histórias que o oceano carrega.

Com sensibilidade documental e estética refinada, Rafael Saldanha transforma cenas do dia a dia em composições visuais. Em cada registro, uma evidência das relações de pertencimento, resistência e silêncio, lançando um olhar delicado e crítico sobre uma prática muito tradicional, que corre o risco de desaparecer.

Reconhecido por seu trabalho voltado às causas sociais e culturais, o fotógrafo dedica sua trajetória a documentar modos de vida que desafiam o tempo. “Em “Raízes”, a proposta é transformar a pesca artesanal em poesia visual, prestando uma homenagem aos trabalhadores do mar e à herança cultural que ainda ecoa nas ondas.

Rafael Saldanha

“Durante todos esses anos convivendo com os pescadores artesanais, percebi logo nas primeiras vezes em que naveguei com eles quão árdua é a luta diária para garantir o sustento. O pescador enfrenta a imprevisibilidade da natureza, o vento, as ondas, a chuva, o frio, e tudo isso influencia diretamente sua rotina de trabalho. E, apesar de todo o esforço, há dias em que o mar não está para peixe, e ele volta para casa com o balaio vazio”, descreve.

Para Rafael, no início, isso o tocou profundamente, mas, com o tempo, compreendeu que o prazer de estar no mar está embutido nessas adversidades. “O que realmente move esses homens não é apenas a pesca, mas o ato de navegar. Foi nesse momento que entendi, de fato, o que significa ser um “homem do mar”, e esse entendimento transformou meu olhar sobre os personagens da minha história”, conta.

Diante dessas experiências, a melhor forma que encontrou para compartilhar essa vivência com o público foi através de um livro fotográfico. Dessa maneira, a comunidade, os familiares e, principalmente, os mais jovens, podem valorizar esses guerreiros do mar e reconhecer a grandeza desse ofício que atravessa gerações.

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Imagem: Prefeitura de Navegantes